27.6.06

A prática social como ponto de chegada.

Os arqueólogos devem sempre começar por conhecer a origem dos vocábulos e a sua verdadeira significação (o signo: significado e significante) para poder verdadeiramente abordar as questões que importam à percepção do ser humano. Porque, conforme Oscar Wilde, “ A única coisa que devemos à História é a tarefa de reescrevê-la.” E para que o princípio seja bom é preciso usar o vocabulário certo nos territórios certos.

Cabe-lhes finalmente ser capazes de aplicar as aprendizagens que adquirem por meio da sua actividade profissional, enquanto criadores e interpretes do passado, de se tornar despretensiosos e serem capazes de conversar com os descendentes e receptores da identidade cujo embrião procuraram no passado, indo pelo presente. É confuso e incoerente que investigadores do ser humano social e cultural se escondam por detrás de chapas, tentando apreender o actor e o sistema que agiram num tempo anterior ao presente e criar um ambiente falso em laboratório. É portanto necessário ir ao encontro daqueles para quem laboramos, tal qual os profissionais de outros sectores de actividade. É preciso dar-se a conhecer e ser conhecido, ser um agente social no mundo hodierno.

23.6.06

Nós e o saber

Pedimos desculpa pela nossa última ausência deste espaço. A labuta na Arqueologia a todos nós prende: ora mais, ora menos! Mas a crença na universalidade dos princípios ou a descrença nestes continuam a orientar-nos na busca dos adventos fundamentais; e a observação desta totalidade fomenta a teorização e/ou a procura de explicações que justifiquem o motivo de uma regra ou hipótese estar a ser frequentemente contrariada. Como acreditamos que muitas das linhas que nos guiam na actividade arqueológica portuguesa podem e precisam de ser repensadas, continuaremos cá. Vamos insistir em manter este espaço vivo!
O Fórum será entretanto igualmente sustentado!
Assim, para justificar (se é que precisa de ser justificado) o nosso debruçar-se sobre estas questões mais ou menos teóricas, deixamos…

"Quando dizemos que a filosofia não nos interessa, o que provavelmente fazemos é substituir uma filosofia explícita por outra implícita, isto é, imatura e incontrolada. [...] Esta filosofia caseira [...] supõe que um símbolo, tal como uma equação, possui significado físico somente à medida que diga respeito a alguma possível operação humana. Isto equivale a se considerar a totalidade da física como se referindo a operações, principalmente medições e cálculos, e não à natureza, o que implica num retorno ao antropocentrismo prevalecente antes do nascimento da ciência."
Mário Bunge