29.9.06

Arqueólogo contra arqueólogo?!

Existem actualmente inúmeras empresas de arqueologia e profissionais que realizam arqueologia de prevenção, de emergência e/ou de contrato.
Embora reconheça que os temas aqui apresentados possam parecer démodés (a alguns), sei que muitos de nós têm dúvidas e se interrogam sobre eles. Sei também que muitos não se atrevem a expor as suas incertezas. Conheço alguns que nunca têm hesitações. Outros verificam se os colegas fizeram um bom trabalho, sem sequer se interrogar se alguma vez lhe ensinaram.
No campo, cada profissional deve realizar levantamentos das áreas projectadas, avaliar os vestígios arqueológicos existentes e, a partir daí, fornecer um diagnóstico do património cultural e histórico compreendido. Deverá, ainda, avaliar o grau de impactos que o património poderá sofrer, indicando alternativas que minimizem as perdas. A estes profissionais é exigida uma atitude um pouco diferente daquele que labora em Instituições e/ou projectos de pesquisa, já que ele lida com um contexto de mercado e é avaliado pelo público em geral. Embora use os procedimentos gerais de um estudo científico, este tem de harmonizar o cronograma do seu trabalho com o cronograma da obra e o trabalho dos técnicos de outras áreas. Tem que ser ágil, rápido. Acontece que se não tiver experiência e não estiver informado e formado, pode triplicar a perda de dados que, sabemos, acontece com a destruição das paisagens ou com o “desmonte” dos sítios arqueológicos.
Este campo de acção arqueólogo, obriga à frequente interrogação: o que é que merece ser preservado, e o que pode ser destruído? Como devo ser um bom profissional de arqueologia sem causar uma atrapalhação tamanha?
Assim se justifica este espaço, bem como a realização de encontros e grupos de trabalho voltados para o aprofundamento destas questões: estabelecer normas éticas de conduta e de criação dos quadros de profissionais que se preocupem, efectivamente, com a preservação da herança. E não tanto em saber qual o profissional ou empresa que está no terreno e toma a decisão...
Porque é que não se evitam guerrilhas que só deformam o conceito de arqueólogo e prejudicam o Património?