11.3.08

Exposições

Max Weber refere o Estado como responsável pela organização e controle social. Maquiavel define Estado como a sociedade política com regras que facilitam a convivência de seus membros. Finalmente, a ideologia democrática defende a equação Estado = povo ="interesse público". É nesta equação que nos queremos apoiar.
Há duas semanas atrás, o ministro da cultura relatou na TSF que a futura actuação do governo prevê um maior envolvimento de diferentes entidades e da sociedade civil nas suas actuações. Advoga a necessidade de fortalecer a cultura, importante bastião da coesão nacional, da identidade nacional.
Neste ponto é importante aclarar que não podemos abranger a sociedade se esta não se mantiver formada, informada e sensibilizada; depois sim pode ser realmente responsabilizada, chamada a intervir e a actuar. Por outro lado o governo precisa de saber o que a sociedade necessita, o que é benéfico. E isso deve fazê-lo auscultando as entidades representativas, informadas, que possam então fazer a ligação entre o Estado e o todo social. Mas, no que toca à Arqueologia, o Estado nem tão-pouco consulta quem quer que seja.
No Debate, o arqueólogo J. Arnaut aclarou que a entidade a que pertence, a AAP, teve representação junto dos antigos IPPC e IPPAAR, mas já não no período de vigência do IPPAR e IPA… e continua referindo as dificuldades inerentes e sequentes à aprovação do PRACE, aprovado pelo Governo através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 124/2005, de 4 de Agosto. Na verdade o IGESPAR ainda nem sequer “arrancou” e nas Direcções Regionais pode existir confiança política, mas confiança técnica…
No mesmo Debate admitiu-se a rapidez de mudança ocorrida nos últimos tempos. Esta criou, crermos, mais dualidades e não houve preocupação em articular a arqueologia científica/programada e a de emergência. E este ponto é essencial para que o novo período mantenha os pés bem assentes nos conceitos primeiros da disciplina (considerando a técnica a metodologia e a teoria).

O retorno social, mesmo concordando com J. Bugalhão quando referia que a produção científica é o que devemos à sociedade, não cremos que este seja desenvolvido na maior parte do país, na maior parte das intervenções e por todos os arqueólogos. E ademais, mesmo assim: será que a sociedade recebe, entende? Sendo ela formada por indivíduos com diferentes formações e aptidões…
O IPA possibilitou a desenvoltura da legislação europeia em Portugal ou a legislação europeia trouxe uma ajuda para que o IPA continuasse a luta que o IPPC e outros já travavam antes… na verdade o que foi feito ou quem o fez, tampouco importa! É preciso é que se faça mais. E são os arqueólogos das diferentes entidades (públicas e privadas) que têm que analisar o que está mal, fazer e exigir que se faça melhor.
Continuamos a achar que a arqueologia dita preventiva se confunde com a arqueologia de emergência em vez de se aproximar da arqueologia programada e “mais científica”. Disse-se no Debate que o acompanhamento arqueológico, pouco claro na legislação vigente, produz muito conhecimento… pois então é altura de o esclarecer e aceitar que se deve escavar o menos possível e que se torna imperioso aproximar a nossa arqueologia de emergência daquela programada para que não se percam tantos dados. E se o Estado deve apoiar a investigação, que apoie a arqueologia de emergência para que esta se transforme numa arqueologia similar à preventiva e a preventiva caminhe para perto da programada e “mais científica”!

Porque os 700 a 800 arqueólogos do país são muitos sujeitos e diferentes, torna-se necessária a autoregulação por meio de uma Ordem e o investimento numa formação de activos. O problema dos arqueólogos, ou os vários problemas, não se resumem a uma necessidade de lutar pelos direitos, mas passam primeiro pela apreensão das questões éticas e deontológicas inter pares, pela consciência de que pertencemos a um grupo de sujeitos que estuda um mesmo objecto. Depois sim, pertencendo a esta ou àquela entidade, estando neste ou naquele cargo criamos o tal sindicato. Porque não é nobre de todo, nem beneficia a boa arqueologia… fazer trabalhos a baixo preço mata a fome no momento, mas beneficia o flagelo da miséria!
E siga uma fiscalização capaz. Mais centrada ou mais descentralizada, conforme os meios, conforme a coordenação e a articulação. Porque é bom descentralizar e estar mais perto da área de acção, mas também são precisos meios e uma boa articulação com o centro e uma boa coordenação.
É preciso confiança e diálogo. Apesar do que não temos... não podemos baixar a testa e acobardar-se. Tal como referia L. Raposo: não há que ter vergonha porque muito se tem feito.
E muito se há-de ainda fazer...


DEBATE= primeiro Debate organizado pela Almadan

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

The Archaeology of Iberia: The Dynamics of Change by M. Diaz-Andreu, S. Keay
Author(s) of Review: Lawrence Guy Straus
Journal of Anthropological Research, Vol. 54, No. 2 (Summer, 1998), pp. 283-286
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8:09 da manhã  

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