25.4.06

Conduz-nos a vontade de ser arqueólogos modernos! E não apenas arqueólogos com experiência comprovada.

Infelizmente os arqueólogos portugueses continuam a não discutir entre si questões inerentes à teoria da arqueologia. Não se traduzem os trabalhos criados no estrangeiro e nem se elaboram obras monográficas acerca de diferentes assuntos de arqueologia, reunindo informações relevantes. Poucos entre nós escrevem textos que focam o assunto, mas não incentivam à discussão em “praça pública” ou não conseguem cativar os arqueólogos à discussão.
Grande parte dos arqueólogos que existem no nosso país, estão inseridos nas empresas de arqueologia e laboram em situações de urgência, de socorro. Neste contexto poucos são os que se questionam sobre a teoria na arqueologia e menos serão, acreditamos, aqueles que procuram obras sobre o tema. Não há muito tempo livre! Dado o encadeamento da arqueologia nacional, seria excelente poder contar com a ajuda de todos os detêm algum esclarecimento e conhecer as opiniões e experiências de cada um para melhor poder aperfeiçoar as práticas de trabalho.
A nós parece-nos que seria muito frutuoso colocar todas aqueles que fazem “trabalhos de arqueologia” a questionar-se sobre a validade dos paradigmas existentes. Ao promover este blog acreditamos que da discussão nasce a luz e que assim, todos “nóses” os arqueólogos ou outros técnicos da área poderíamos alterar e melhorar os nossos métodos e técnicas no trabalho no dia a dia.
Por outro lado seria bom que “nóses” informássemos outros sobre o que sabemos, o que achamos necessário aplicar ou rever no nosso dia a adia de campo, durante um trabalho em particular.
É preciso tirar dos bolsos todas as ideias de mudança que costumamos guardar bem guardadas, eliminar os preconceitos, despir a mente de ideias pré-concebidas e trocar ideias uns com os outros, em vez de criticar o colega que destruiu o sítio arqueológico que talvez, ou melhor, o mais provável é que nunca lhe tenham ensinado a identificar. É importante que no nosso país haja uma clarificação de pontos de vista no que respeita às concepções e noções teóricas e de investigação!
Mesmo sendo avesso ao tema da teoria, é sempre positivo debruçar-se sobre ela. É importante discutir o conceito de Middle range theory aplicado ao dia a dia de campo e falar do melhor conhecimento que cada um tem, no âmbito dos trabalhos de arqueologia.
É preciso falar de Shanks e de Tilley, conversar com o sociólogo, o biólogo, o economista, o francês o inglês, o americano… e vestir o vestimenta de um arqueólogo moderno, com vista a criar um estudo científico dos povos do passado, da sua cultura e do seu relacionamento com seu ambiente. Não podemos esquecer que a finalidade do arqueólogo é compreender os seres humanos no passado, como interagiram com o seu ambiente e preservar esta aquisição para o presente, projectando-a no futuro.
É necessário questionamo-nos sobre as possíveis abordagens existentes numa escavação convencional e numa escavação de urgência. É preciso conhecer a teoria arqueológica, usar as técnicas e métodos e fazer a recolha de dados precisos em diferentes situações. É preciso usá-las gerindo o tempo, o dinheiro e afins contextualizados por uma ética.
A arqueologia é uma ciência que deve recorrer a métodos científicos já usados por outras ciências ditas exactas. Na verdade nada que envolve o ser humano é completamente exacto, mas pode seguir padrões. mesmo que não siga modelos. É necessário que os arqueólogos, enquanto sujeitos de estudo se debrucem sobre o objecto de estudo, homens também, abordando os vestígios (através dos quais pretende chegar ao homem) de forma metodológica.

Não importa questionar qual é a ciência (mais) auxiliar das outras, mas sim reconhecer que a arqueologia caminha cada vez mais pelos seus próprios meios, alcançando dados e permitindo estudos sobre o Homem, racional e sentimental, objectivo e subjectivo.

Uma Arqueóloga e Um Arqueólogo.