14.11.06

Signo, tempo e consciência: Gilles Deleuze e António Damásio
Luís Carmelo

A urgência da actualidade apela a desafios. Um desafio é sempre uma abertura de uma brecha, o percurso de uma lacuna, de uma infecção, ou de uma coligação impensável. A necessidade de desafios aplica-se também às inevitáveis pontes entre as áreas do saber, cujos limites e fronteiras são cada vez mais fluidos. Provavelmente sempre o foram, embora, hoje em dia, a revelação desconstrucionista nos permita uma outra visibilidade desse facto, sob a forma de deriva, de deslize, de jogo entre sistemas de centros sempre deslocáveis.
No presente artigo propomo-nos, nesta linha epistemológica de travessias, percorrer hiatos que atravessam as neurociências e a reflexão semiótica e até filosófica. O tema empurra-nos para a ligação entre virtual e real, mas também para os modos diversos com que a consciência torna em figura os eventos já actuais.



FONTE TEXTO:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/carmelo-luis-deleuze-damasio.pdf

8.11.06

Qual é o valor de um Arqueólogo? A extensão da racionalidade instrumental.

Apesar do pragmatismo reinante nos dias de hoje, é necessário filosofar, no sentido de raciocinar e ponderar cada situação em que nos encontramos. E neste tipo de consideração vários, senão todos, deveríamos dissecar cada um dos problemas no sentido de melhorar o estado de emergência da arqueologia e do arqueólogo! Voltando a Jürgen Habermas, a quem já fizemos referência há algum tempo, acredito que a única solução é avançar de encontro à sua teoria que advoga na esperança de que todos possamos viver sem violência, sem exploração e sem imperialismo, numa verdadeira democracia, legitimada por um sistema legal. Este filósofo recusa-se a ser pessimista, como nós deveríamos recusar, desejando renovar a democracia, apoderando-se cada um da sua verdadeira liberdade, decorrente da racionalidade e da ética!
Dar a volta à situação de “enorme precariedade” a que Márcia se refere ou questionar o subsídio de desemprego, o direito a licença de maternidade, a estabilidade económica e familiar que Pedrinha Rolante e todos pretendemos, consegue-se apenas se nos unirmos.
O projecto de Habermas, no que toca aos temas da universalidade e da racionalidade, foi questionado pelos pensadores pós modernistas, como Foulcaut, por exemplo, mas acredito que há momentos em que a racionalidade deve ser aplicada a determinadas coisas da vida. Neste caso, no “nosso caso”, acredito no diálogo com objectivos predefinidos, quer por parte das empresas”muitas no mercado”, quer por parte daqueles que não quiseram ou não puderam formar empresa. Deveria analisar-se toda e qualquer situação e mudar o que deve mudar, de forma a todos termos acesso à informação, formação e o poder de discutir. Este poder deve ver-se como estratégia, uma tecnologia que vise melhoramentos.
J. Batista comenta que a “situação dos arqueólogos (…) é terrível”. E continua referindo que “Também passei pelos recibos verdes” Neste caso, sabemos que no mundo do trabalho muita gente que passa por um primeiro emprego em que vive estas situações, mas importa que não o seja eternamente até a corda partir pelo lado mais fraco. Como Alex reforça"...salvaguardar aquilo que foi prometido verbalmente, nem sempre cumprido." O poder não deve visar a opressão, o poder deve fomentar vontade de edificar mais e melhor.A ordem natural seria não receber mão-de-obra recém-licenciada em quantidade em substituição da mão de obra em qualidade que auxiliasse o formando. Mas também a vida do empresário não é fácil, poderiam dizer aos outros simplesmente se crês tão bom, faz a tua empresa… e cairíamos no que se calhar estamos a cair: não há respeito pelo arqueólogo porque para se conseguirem trabalhos, passa-se por cima de… e de… e somos olhados pelos outros que não arqueólogos como… e…
Habermas enfatiza o lado humanista em Marx e escreve sobre as tensões hegelianas entre teoria e prática na filosofia e nisto aprende-se também já que, como no “nosso caso” também as essencialidades do capitalismo e industrialização têm substituído os interesses relacionados com o “mundo da vida” e a “muita asneira em troca de mais uns tostões de lucro no orçamento” … destrói-nos a todos. E Australopitecus XXI lamenta “Cada vez é mais difícil trabalhar nos moldes que foram descritos.” Tens razão Bota, o capitalismo está a transformar-nos em máquinas, pior do que os Tempos Mdernos de C. Chaplin, mas continuo a acreditar que ganhamos todos se não nos deixarmos arrastar para a escravidão, sujeitos a um sistema mecanizado. Temos que combater o que Weber afirma como “perda de significado” implantada, impedindo que o trabalho se submeta à deformação que Marx catalogava como “alienação”. As instituições manipulam os indivíduos e não há luta de classes, mas só a “crise”.
O Teko refere a “criação de um sindicato” e Gonçalo Velho ampara a ideia com a “necessidade dos trabalhadores se unirem”. Eu apenas acho que não nos podemos esquecer que somos todos aqueles que se formaram em arqueologia e que todos devemos ver-nos num único lado a defender os “nossos direitos” não apenas das “entidades patronais”, mas de todo o grupo daqueles que lutam em prol do património. Seguindo os ensinamentos de Foucault sobre o poder e conhecimento, deveríamos procurar investigar a genealogia do problema! Perceber o problema e a forma de o solucionar, através do diálogo. E depois podemos fazer alguns ajustamentos. E mudar o que está mal no dia a dia. Afinal o que Marx ofereceu foi uma ideia de irmandade baseada na igualdade, que deve ser conseguida em cada dia, com diálogo e não-violência. Temos que saber gerir as relações entre o universalismo dos direitos do homem neste período de globalização e multiculturalismo.
E agora podemos “desconstruir” estes textos em que cada um dá simplesmente o nome a um exemplo, ou seguir em frente, reunir-se e mudar o que deve e pode ser mudado.