25.4.07

Além do IGESPAR

Não nos interessa possuir um espaço onde já tenham acedido milhares de visitantes, nem receber dezenas de comentários. Importa-nos sim respeitar o compromisso que assumimos connosco mesmos: continuar a trazer para o debate assuntos que cremos de importância para a arqueologia portuguesa.
E, afinal, há sempre alguns indivíduos que acompanham este blog respeitosamente, contribuindo, de uma forma ou de outra, para a sua continuidade e para que se acredite que um dia tudo será diferente!

Neste primeiro ano de existência chamamos a atenção para a falta de debates sobre a actividade arqueológica actual, sobre os posicionamentos teóricos que orientam o trabalho do grupo e indispensáveis para o progresso da investigação. As questões de ética e de deontologia profissional foram igualmente insígnias consideradas como importantes para determinar a coesão.

Mas observámos que continua a existir uma certa relutância, por parte de alguns colegas, em combater por certas questões consideradas quase tabu! Os oradores são poucos talvez porque haja falta de audiência. Falta a discussão pública e a crítica, podendo daí resultar uma disciplina estagnada, pelo menos para grande parte dos profissionais. E estes profissionais podiam ganhar força se um efectivo espírito de equipa funcionasse como pedra angular para a edificação de uma arqueologia profissional.

Ao contrário, continuaremos a ter um “despejo” anual de mão-de-obra, completamente sem preparação para a difícil tarefa de ser um arqueólogo no presente. Insistiremos num alimentar da descrença na luta por uma profissão mais estável e que permita a pesquisa cuidada. Repetiremos ou veremos repetir a realidade de alguns colegas a serem usados como “carne” para canhão. Arranjaremos (para o futuro) uma manta de retalhos com tantos sítios arqueológicos inventariados. Receberemos um organismo de tutela novo, mas que não resolve os assuntos aqui referimos...

E sustentaremos uma realidade onde a falta de creditação de todas as entidades envolvidas na arqueologia e a falta de um organismo que nos represente e nos defenda façam de nós (uns) fracos…

Para onde nos encaminhamos?

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Ao contrário, continuaremos a ter um “despejo” anual de mão-de-obra, completamente sem preparação para a difícil tarefa de ser um arqueólogo no presente."

E eu que tinha ficado a pensar que as universidades vos formavam como cientístas. A final...

7:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Então como é que a universidade nos forma? Parece-me que nos prepara para uma arqueologia feita com tempo, com programa pré estabelecido... e não é isso que encontramos na arqueologia de emergência no presente.Mas isto sou eu a pensar.
Discutimos ideias! Não discutimos pessoas!
Não sei e não percebo de que maneira é que as frases que apresenta se opõem uma à outra...

12:54 da manhã  
Blogger Joaquim Baptista said...

De facto parece que os programas académicos estão altamente desfazados da realidade que aguarda os recém licenciados. A componente prática dos cursos de arqueologia contempla minimamente as práticas diárias. Por vezes creio que estará mais apto para fazer o acompanhamento de uma obra um elemento saído da Escola Profissional de Arqueologia que o Arqueólogo saído da Faculdade. Mas como alguém disse a prática é a mãe de todas as coisas.

11:09 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Têm ocorrido vários encontros onde se têm debatido questões centrais para a Arqueologia em Portugal. Existem vários textos publicados sobre temáticas da profissão,da gestão, metodologias, etc.
Não se compreende a constante afirmação de que não se discute.
Haverá mais "deficit" de acção do que reflexão e debate.

2:38 da tarde  
Blogger Uma arqueóloga said...

É verdade… “Têm ocorrido vários encontros onde se têm debatido questões centrais para a Arqueologia em Portugal.” e “ Existem vários textos publicados sobre temáticas da profissão, da gestão, metodologias, etc.”
Quando referimos que não se discute, consideramos os arqueólogos em geral, do norte a sul do país, bem como pensamos na pouca facilidade (ou capacidade ) de conversação que há entre todos os sectores. Só assim se compreende a afirmação…
E o "deficit" de acção tem origem, creio, não na falta de que reflexão e debate de alguns, mas da falta de ponderação e discussão de vários, de muitos…

4:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Há, contudo, uma condição importante para potenciar o debate: a identificação. Pessoalmente não me sinto muito estimulado a discutir com anónimos. O discurso nunca vale só por si. O seu sentido, o seu peso a sua genuinidade são relativos a quem o produz.
Pelo menos no que a mim diz respeito, muito do que aqui se diz fica diminuido pelo anonimato dos seus autores. O anonimato desresponsabiliza e, assim, retira força à crítica.

6:03 da tarde  
Blogger Uma arqueóloga said...

Com todo o respeito, permita-me discordar de si.
Não creio que seja de particular importância, no espaço em que nos encontramos, o nome que figura no meu BI. E também não ambiciono desresponsabilizar-me pelo que escrevo.
A razão que me conduziu foi, e é, representar o papel de um “actor tipo”. Sou apenas mais uma arqueóloga a quem agrada escrever e que crê de importância desenvolver estes temas.
Contamos com a colaboração de todos.
Simplesmente.

7:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Julgo, e respondendo à questão que ficou no ar no final do artigo, que não caminhamos para lado nenhum. Como diz o A. Carlos Varela, assistimos a um grande "deficit" de acção, pois já todos sabemos que deve existir ética, valorização do trabalho do arqueólogo, protecção da classe profissional, premeio da competência, responsabilização de actos e de ditos e principalmente deverá existir um trabalho de síntese do conhecimento arqueológico constante.
Além disso, preocupantemente, partilho da crença do Joaquim Baptista quanto à preparação dos arqueólogos para o mundo do trabalho. Ainda mais que se nos der-mos ao trabalho de falar com alunos de diferentes faculdades, apesar dos belos curriculos que estas apresentam, verificamos um ensino da arqueologia é completamente diferente e, arriscaria, quase aleatório.
Não se sabe de onde viemos, quanto mais para onde nos encaminhamos. Urge fazer uma sintese da arqueologia portuguesa dos últimos 100 anos para depois, e aí sim, arrancar-mos para uma nova era... a arqueologia científica, técnica, teórica, responsável e acima de tudo que trabalhe para a comunidade e para o conhecimento e não para si própria...
Mas certamente não será num blogue que tal acontecerá, mas sim na reunião das pessoas... já agora, quando o anonimato é utilizado de uma forma séria não constitui problema algum, tira-me do sério é quando se o utiliza para a difamação e o ataque pessoal, peçonha que infelizmente em muito molesta a nossa arqueologia e os nossos arqueólogos... como se todos fôssemos perfeitos e detentores da razão...

1:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quem anda constantemente no campo e necessita de mão-de-obra qualificada, sabe muito bem que a qualidade actual do ensino é precária. Na verdade temos profissionais que saíram da Universidade sem terem tido uma única experiência campo.
Além disto, tenho presenciado alguns casos extremamente tristes relacionados a ética profissional.
Em relação ao António Carlos Valera, fica aqui uma questão sobre a seguinte afirmação:
“O discurso nunca vale só por si. O seu sentido, o seu peso a sua genuinidade são relativos a quem o produz.”
Será que o discurso teria outro efeito se fosse assinado por alguém de “peso” na arqueologia ao invés de um simples arqueólogo ou arqueóloga? Isto não será preconceito?

3:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Naturalmente que não.
Qualquer afirmação não é independente de quem a afirma. Vai buscar à pessoa parte do seu sentido e da sua força. É fácil de perceber que a mesma afirmação ganha contornos diferentes se for produzida por pessoas com níveis de experiência diferentes, comportamentos éticos e sociais diferentes, com proveniêcias profissionais ou de formação diferentes, com percursos diferentes, etc., etc.. A admissão da diferença não é perconceito. Antes é condição para um relacionamento adulto e para uma correcta contextualização do afirmado. Ora isso não é possível de fazer com o recurso ao anonimato. Dizer "o Direito Natural é o direito que rege a humanidade", sendo a mesma afirmação, significa duas coisas bem opostas se falarmos de Hobbes ou de Rousseau". A afirmação sem emissor conhecido é apenas meia afirmação: é, paradoxalmente, apenas uma espécie de afirmação exclusivamente do receptor, pois está desprovida do contexto emissor, onde reside grande parte do seu sentido.
Pode sempre argumentar que um substantivo próprio (o seu nome) não segnificaria mais para mim que um substantivo comum, dado que o não conheço (penso eu, não sei). Mas ficaria a reconhecer e, no futuro, noutras situações teria estas referências para contextualizar as suas afirmações.
Se me conhece ou ao meu percurso profissional, sugiro um pequeno exercício: imagine que eu não tinha assinado a mensagem e pense se a leria ou reagiria exactamente da mesma maneira.
Já agora, a autoridade existe, faz parte da relação social humana, do processo argumentativo e da produção de conhecimento (seja ele científico, religioso ou de senso comum). Existe um excelente tratamento da questão da autoridade na produção de conhecimento e na argumentação realizado por Gadamer. Fundamental para abordar a problemática da autoridade sem preconceitos.
Bom, a resposta vai longa e, como não gosto muito de debater com anónimos, vou ficar por aqui.
Talvez um dia possamos continuar, num outro contexto mais aberto.

10:56 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Ver
MESA REDONDA INTERDISCIPLINAR
http://www.triplov.com/mesa_redonda/zir/nem_construt.html


André

9:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Autónomos ou autómatos?

7:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

infelizmente o balan�o n�o � muito positivo.� com tristeza que digo isto..pois arqueologia foi a minha escolha..nao porque nao entrei em outro qualquer curso.a verdade � que a realidade n�o se afigura justa..faculdade, empresas, autarquias..e afins.a Meritocracia nao reina em Portugal � um facto.e os alunos saem muito mal preparados para o mundo laboral muitos nem sabendo tirar uma simples medida para um desenho. de quem � a culpa?talvez seja daqueles que ensinam...ou porque nao t�m voca�o para tal ou t�m mais que fazer.os programas s�o altamente desactualizados bem como os m�todos de ensino.
Talvez os senhores professores devam dar uma vista de olhos por estes blogs, forum..sites. Ou talvez devessemos todos culpar o governo, a Uni�o Europeia, ou porque n�o os pr�prios portugueses?
Boa Sorte a todos.

11:25 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home